Por que líderes competentes fracassam: a anatomia do medo corporativo

Os 3 bloqueios mentais que sabotam até os mais preparados e como transformar ansiedade em vantagem estratégica diante da IA e pressão corporativa.

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Executivos não costumam admitir, mas a sala de reuniões também é habitada por fantasmas. Eles não aparecem em planilhas, não são reportados em dashboards e não constam nos relatórios trimestrais. Ainda assim, determinam decisões ou a falta delas.

Chamamos esses fantasmas de medo. E ignorá-los tem um preço altíssimo: culturas tóxicas, indecisão crônica, desperdício de talentos e até fracasso em grandes iniciativas de transformação.

Um levantamento global conduzido pela consultora Margot Faraci, com 2.500 líderes corporativos, revelou que até 30% dos líderes em escala global criam inconscientemente ambientes de medo em suas equipes. Esse comportamento alimenta estagnação, fuga de talentos, desengajamento crônico e fracasso em transformações.

Não à toa, a McKinsey mostrou em seu estudo Perspectives on Transformation que 70% das transformações empresariais fracassam e o medo é um dos principais culpados.

Mas afinal, quais são os três medos mais perigosos para líderes de hoje?

 

MEDO DE FICAR DE FORA (FOMO)

O primeiro fantasma é o famoso FOMO, que vai direto das estratégias de marketing para as salas de diretoria. Um exemplo? A corrida desesperada para “não perder o bonde” da IA tem transformado líderes estratégicos em apostadores impulsivos.

As consequências? Um estudo de 2025 da Orgvue mostrou que mais da metade dos executivos se arrependeu de ter demitido funcionários prematuramente, movidos por expectativas fantasiosas sobre substituição por IA.

O problema não é a inteligência artificial. É a falta de inteligência estratégica. Empresas estão terceirizando decisões para o hype em vez de investir no preparo adequado de suas equipes para usar essas ferramentas.

O resultado: FOMO distorce prioridades. Líderes passam a temer mais ficar fora de uma tendência do que perder o foco no que realmente importa.

 

MEDO DE ESTRAGAR TUDO

O segundo é o medo de estragar tudo e os dados comprovam que ele está paralisando líderes globalmente. A pesquisa The Decision Dilemma, da Oracle com Seth Stephens-Davidowitz, ouviu mais de 14 mil executivos e revelou algo alarmante: o excesso de informações está criando uma epidemia de paralisia decisória.

O dado mais chocante? 70% dos líderes prefeririam que máquinas tomassem decisões cruciais no seu lugar.

O peso da responsabilidade está tão grande que executivos preferem terceirizar suas escolhas para algoritmos. A tecnologia deve ser sua aliada na análise, mas quem precisa ter coragem para a decisão final é você.”

 

MEDO DE SER INADEQUADO

O terceiro é o medo de ser inadequado e este é o mais cruel dos três, porque ataca por dentro. É aquele que alimenta a síndrome do impostor, transforma líderes em microgerenciadores obsessivos e faz executivos priorizarem aparências em vez de resultados. É o fantasma invisível que sussurra: “Você não deveria estar aqui.”

As consequências são devastadoras: líderes evitam dar feedback honesto, deixam de pedir ajuda quando precisam e ficam em silêncio durante discussões estratégicas cruciais — exatamente quando suas vozes mais importam. Times inteiros ficam órfãos de liderança real.

Pesquisas mostram que líderes com mentoria especializada conseguem identificar e se assentar sobre seus talentos verdadeiros. Quando isso acontece, o medo da inadequação perde força gradualmente até desaparecer.  É aí que a autoridade executiva autêntica floresce.

Esse medo só se dissolve quando você escolhe agir pelo impacto, não pela insegurança. Coragem não é ausência de medo, é liderar apesar dele, com a clareza de quem conhece seu próprio valor.

 

“O medo é um professor. Ele não foi feito para nos derrotar, mas para nos mostrar o que realmente importa.” (Adaptado de Unmasking Fear: How Fears Are Our Gateways to Freedom, Health Communications).

 

O medo não precisa ser um inimigo. Ele pode ser bússola, alerta e combustível para lideranças mais lúcidas e humanas. O ponto é: você está disposto(a) a encará-lo e usá-lo como aliado, ou continuará deixando que fantasmas invisíveis determinem o futuro da sua carreira?

É exatamente nesse ponto que entra a construção de autoridade executiva: transformar inseguranças em clareza, incertezas em posicionamento e pressões em presença estratégica. Liderar com autoridade não é eliminar o medo, mas utilizá-lo como motor de influência e legado.

Na minha experiência, os executivos mais respeitados não são aqueles que não sentem medo. São os que aprenderam a transformá-lo em clareza, presença e autoridade.

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Liris Gonçalves

Mentora de Executivos | Palestrante | Ex-Diretora de Marketing internacional | +1.300 carreiras impulsionadas

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